Garantias em Operações de Crédito: Entenda as Opções e Riscos

20 de janeiro de 2025

Em um cenário econômico desafiador, muitas empresas recorrem ao crédito bancário para financiar suas operações e garantir o crescimento de seus negócios. No entanto, para que o banco se sinta seguro em liberar esse crédito, ele pode exigir algum tipo de garantia, com o objetivo de minimizar os riscos de inadimplência. Entender as diferentes opções de garantias e seus riscos é essencial para que o empresário faça escolhas informadas e proteja a saúde financeira de sua empresa.

Tipos de Garantias em Operações de Crédito
Existem várias opções de garantias que podem ser exigidas pelas instituições financeiras ao conceder empréstimos ou financiamentos para empresas. As garantias podem ser classificadas em duas categorias principais: garantias pessoais e garantias reais.

  1. Garantias Pessoais

A fiança e o aval são exemplos de garantias pessoais. Nesses casos, um terceiro (pessoa física ou jurídica) se compromete a pagar a dívida do tomador caso este não consiga cumprir com a obrigação. A principal característica dessas garantias é que elas envolvem o patrimônio pessoal do afiançado ou avalista, o que pode gerar riscos pessoais.

Fiança: O fiador assume a responsabilidade pelo cumprimento da obrigação do devedor. Caso a empresa não pague o valor devido, o fiador será acionado para quitar a dívida.
Aval: Semelhante à fiança, mas no aval, a garantia é dada pelo avalista diretamente ao credor. Ele se compromete a pagar a dívida, mesmo sem ter um vínculo contratual com o devedor original.

  1. Garantias Reais

As garantias reais envolvem a utilização de bens tangíveis ou direitos como garantia para o pagamento da dívida. Em caso de inadimplência, o credor pode tomar posse desses bens para liquidar a dívida. As garantias reais são consideradas mais seguras para as instituições financeiras, pois oferecem uma forma direta de compensação.

Hipoteca: Consiste na utilização de um bem imóvel (como um prédio ou terreno) como garantia do crédito. Caso a empresa não cumpra a obrigação, o banco pode executar a hipoteca e tomar o imóvel para saldar a dívida.


Alienação Fiduciária: Neste caso, a propriedade do bem (geralmente um bem móvel, como um veículo ou equipamento) é transferida ao banco, mas o devedor mantém a posse. Se houver inadimplência, o banco pode retomar o bem de forma mais ágil do que em uma hipoteca.


Penhor: Em que bens móveis (como estoques ou maquinários) são entregues ao banco como garantia. Caso a dívida não seja paga, o banco pode vender esses bens para quitar o débito.

  1. Cessão de Recebíveis

Outra garantia que vem se tornando comum em operações de crédito é a cessão de recebíveis, em que a empresa cede seus créditos (ou seja, valores a receber de clientes) ao banco como garantia. Caso a empresa não pague a dívida, o banco pode cobrar diretamente dos devedores da empresa. Essa opção é particularmente interessante para empresas que possuem um bom volume de vendas a prazo.

Riscos Associados às Garantias
Embora as garantias ofereçam segurança ao credor, elas envolvem riscos consideráveis para o tomador de crédito, principalmente no caso de garantias pessoais e reais. É fundamental que o empresário esteja ciente desses riscos ao assinar qualquer contrato que envolva a oferta de garantias.

  1. Riscos para o Patrimônio Pessoal

Ao oferecer uma garantia pessoal, como fiança ou aval, o empresário ou um terceiro está colocando seu patrimônio pessoal em risco. Isso significa que, em caso de inadimplência, o banco poderá acionar os bens do fiador ou avalista para saldar a dívida. Em um cenário de crise ou dificuldades financeiras, isso pode resultar em graves prejuízos para as partes envolvidas.

  1. Riscos com Garantias Reais

Ao utilizar bens imóveis ou móveis como garantia, o empresário corre o risco de perder esses ativos caso a dívida não seja paga. Por exemplo, em uma alienação fiduciária, o banco pode tomar o bem de forma mais rápida do que em uma hipoteca, o que pode gerar grandes impactos na continuidade das operações da empresa.

Além disso, a avaliação de bens como garantia pode ser desafiadora, pois o valor do bem pode ser inferior ao esperado, especialmente em tempos de crise, quando o mercado de bens imóveis ou móveis pode estar em baixa.

  1. Risco de Liquidez

Embora a cessão de recebíveis seja uma alternativa vantajosa para garantir crédito sem colocar bens físicos em risco, ela pode afetar a liquidez da empresa. Ao ceder seus recebíveis, a empresa perde parte do controle sobre o fluxo de caixa, já que o banco passará a ter o direito de cobrar os pagamentos diretamente dos clientes.

Conclusão
As garantias são um elemento fundamental nas operações de crédito bancário, oferecendo uma camada de segurança tanto para o banco quanto para o tomador do crédito. No entanto, é crucial que o empresário compreenda as opções disponíveis e os riscos associados a cada tipo de garantia. Seja oferecendo bens pessoais ou patrimoniais como garantia, o empresário deve avaliar cuidadosamente sua capacidade de honrar a dívida e os potenciais impactos sobre o negócio.

A recomendação é buscar assessoria jurídica especializada para garantir que as garantias oferecidas estejam alinhadas aos interesses da empresa, protegendo seu patrimônio e suas operações a longo prazo.

O EAA | Enebelo Advogados Associados é uma sociedade de advogados full service especializada em Direito Bancário, atendendo demandas em todo o Brasil.

Por @geisiele.andrade 
OAB|PR 96.202